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Foto do escritorCristina Viduani

Alimentos ultraprocessados têm excesso de sódio, gordura e açúcar

Pesquisa encontrou ainda aditivos cosméticos em 82,1% dos alimentos ultraprocessados e nutrientes críticos em 97,1%, quase a totalidade


Não é de hoje que o alerta vem sendo dado. Esse nutrientes críticos, são substâncias como amido, açúcares, sódio e gorduras trans, que são frequentemente adicionadas a alimentos ultraprocessados e que podem levar à obesidade e a doenças crônicas.


alimentos ultraprocessados
Aditivos cosméticos e nutrientes críticos: o que escondem os produtos ultraprocessados - Foto: Reprodução/Web

No ano passado, pesquisadores mediram a presença de aditivos cosméticos e nutrientes críticos para identificar alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, biscoitos recheados e macarrão instantâneo.


O estudo de equipe da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (NUPENS) da Universidade de São Paulo (USP), e com outras instituições nacionais, foi publicado na revista “Scientific Reports”, em 2023.


Segundo o artigo, 97,1% dos alimentos classificados como ultraprocessados têm ao menos um nutriente crítico em excesso, como sódio, gorduras e açúcares livres, e 82,1% deles apresentam em sua composição aditivos cosméticos, usados para realçar a cor, o sabor ou a textura. No total, 98.8% dos ultraprocessados contam com pelo menos um desses ingredientes.


A pesquisa avaliou quase 10 mil alimentos embalados disponíveis em supermercados de São Paulo e de Salvador. Os itens foram divididos em quatro grupos diferentes de acordo com a classificação NOVA – método que mostra a qual grupo um alimento pertence a partir da extensão e do propósito de processamento.


Ana Paula Martins, pesquisadora do NUPENS e colaboradora do estudo, diz que os dados podem fazer a diferença na formulação de políticas públicas, legislações e em decisões taxativas sobre os alimentos.


“Entendemos que esses resultados podem facilitar a adoção de políticas alinhadas às recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira”, comenta a pesquisadora, se referindo ao instrumento formulado pelo Ministério da Saúde para estimular uma alimentação mais saudável no Brasil.


É importante facilitar a identificação e a compreensão desses alimentos pelo consumidor, e algumas medidas podem facilitar as decisões de compras em frente às prateleiras dos supermercados. “Regras mais específicas sobre os alimentos modificados quimicamente e a precificação adequada podem ajudar as pessoas a diferenciarem uma bebida pronta para o consumo, um néctar com muito açúcar, de um suco de verdade”, comenta Ana Paula.


Os resultados podem ser usados ainda em programas de rotulagem para que as pessoas consigam fazer escolhas mais saudáveis e para entender quais alimentos devem receber uma tributação maior em comparação àqueles que deveriam ter subsídios.


“Queremos valorizar o quanto essa classificação é relevante para as políticas públicas e entender como aplicar em diferentes contextos, como a regulamentação dos produtos vendidos em cantinas e a publicidade de alimentos”, reforçam as pesquisadoras.


Mas, o que são esses componentes?


Os alimentos ultraprocessados são formulações com muitos ingredientes artificiais, como conservantes, corantes, aromatizantes e intensificadores de sabor, além de excesso de açúcar, gorduras saturadas e sódio.


O sódio é um mineral puro que é usado na indústria alimentícia para dar sabor e conservar os alimentos. O consumo excessivo de sódio pode levar a diversos problemas de saúde, como o AVC. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a ingestão de sódio seja inferior a 2 gramas por dia, o equivalente a 5 g por dia de sal.


A gordura saturada é um tipo de gordura presente em alimentos de origem animal, como carnes, manteiga, queijos, leite integral, iogurte, e que se apresenta na forma sólida à temperatura ambiente.


A gordura saturada é considerada ruim para a saúde, pois quando consumida em grandes quantidades pode aumentar o risco de doenças do coração, como infarto, derrame e pressão alta. Isso acontece porque a gordura saturada aumenta os níveis de colesterol LDL, o chamado colesterol ruim, no sangue.


Ela é chamada de "saturada" porque as moléculas de gordura estão saturadas com átomos de hidrogênio, o que lhe confere uma estrutura molecular mais rígida e sólida e que faz mal à saúde humana. A recomendação é que a ingestão de gorduras saturadas não ultrapasse os 10% do valor energético total por dia.


Aditivos cosméticos


Os alimentos ultraprocessados contêm muitos ingredientes artificiais (aditivos cosméticos), como aditivos químicos, conservantes, realçadores de sabor e outros, que podem ser prejudiciais à saúde.


• Aspartame, adoçante de doces, chocolates e biscoitos

• Nitrito de potássio, presente em molhos e embutidos

• Glutamato monossódico, presente em molhos, biscoitos, embutidos e temperos

• Propionato de cálcio, presente em embutidos, queijos e massas

• Benzoato de sódio, presente em refrigerantes e margarinas


O consumo de alimentos ultraprocessados é prejudicial à saúde por vários motivos, incluindo desequilíbrio nutricional, com falta de fibras, vitaminas e minerais; desregulação da flora intestinal; aumento do risco de distúrbios metabólicos e doenças inflamatórias, como a obesidade; e efeitos tóxicos e contribuição para o desenvolvimento de alguns tipos de câncer.


Descasque mais e desembale menos


Essa é uma regra simples, mas que funciona muito bem quando o assunto é a alimentação saudável. Uma dica fácil para identificar esses produtos ultraprocessados, é dar uma simples olhada no rótulo. Quanto mais ingredientes aparecerem ali, pior o produto é. Quanto mais natural, menos ingredientes esses produtos têm.


Também é possível verificar se eles contêm ingredientes com nomes pouco familiares, como carboximetilcelulose, açúcar invertido, maltodextrina, frutose, xarope de milho, aromatizantes, emulsificantes, espessantes e adoçantes.



Por Cristina Viduani com informações da UFRJ


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