Aquecimento no Brasil já é maior que a média global
Se a temperatura continuar a subir e ultrapassar 2ºC até 2050, a saúde humana e a agricultura serão severamente impactadas
Nos últimos 60 anos, o aquecimento global tem afetado com intensidade crescente diversas regiões brasileiras, com algumas registrando aumentos de até 3ºC nas temperaturas máximas diárias, superando a média global. O dado foi revelado no relatório "Mudança do Clima no Brasil: síntese atualizada e perspectivas para decisões estratégicas". O estudo aponta que, desde a década de 1990, o número de dias com ondas de calor no Brasil subiu de sete para 52, evidenciando uma tendência alarmante de aquecimento.
Segundo o relatório, eventos climáticos extremos, como ondas de calor e secas severas, devem se tornar mais frequentes, com a possibilidade de ocorrências inéditas, o que destaca a urgência de medidas de adaptação às mudanças climáticas.
Lançado oficialmente em Brasília em 6 de novembro, o estudo é uma adaptação do último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e de outros dados científicos recentes, elaborados pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, em parceria com a Rede Clima, WWF-Brasil e Instituto Alana.
Futuro Assustador
Imagine um cenário onde os habitantes têm dinheiro para ir ao supermercado, mas não há comida disponível para todos, se houver comida e se houver dinheiro suficiente. Onde a água potável é rara e cara demais. Onde doenças como a malária proliferam. O cenário é catastrófico? Sim, e não está tão longe de se tornar realidade.
As projeções do IPCC indicam que, se o aquecimento global ultrapassar 2ºC até 2050, a saúde humana e a agricultura serão severamente impactadas. O Brasil poderá enfrentar uma multiplicação de eventos climáticos extremos, com aumento de entre 100% a 200% nos casos de enxurradas e maior incidência de doenças transmitidas por vetores, como dengue e a malária.
O impacto sobre a Amazônia será devastador, com a perda de 50% da sua cobertura florestal devido ao desmatamento e ao aumento de secas e incêndios. Além disso, o fluxo dos rios será drasticamente reduzido, o que afetará especialmente os estados da região Norte, como Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima.
Impactos Econômicos e Sociais
O aquecimento global também trará consequências econômicas alarmantes. O setor pesqueiro poderá sofrer uma redução de até 77% nos estoques, resultando na perda de até 50% dos empregos nesse setor.
As áreas urbanas, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, enfrentarão sérios desafios com a escassez de água, afetando até 21,5 milhões de pessoas até 2050, caso a média global de aumento de temperatura ultrapasse 2ºC.
O Nordeste, região que abriga quase 55 milhões de pessoas, pode enfrentar uma drástica desertificação, com 94% do seu território transformado em deserto.
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