Como o medo impulsiona o crescimento da extrema-direita na Europa
Os discursos xenófobos têm ganhado espaço no continente, mas razões para isso parecem superar as fronteiras físicas
O fenômeno da extrema-direita na Europa está em ascensão, especialmente em países como Itália, França, Alemanha, Portugal e Reino Unido. Curiosamente, essa radicalização é mais forte em áreas rurais e cidades menores, onde há menos imigrantes. Isso indica que a questão vai além de mudanças demográficas; é uma construção narrativa que intensifica o medo.
O pesquisador, Augusto Veloso, do Grupo de Estudos Mundo Árabe, aponta que a Europa, historicamente hegemônica, teme a perda de sua influência diante do crescimento de culturas não ocidentais. Essa percepção de ameaça tem alimentado discursos extremistas, que se aproveitam da insegurança para ganhar apoio popular. O receio de uma transformação cultural reflete um contexto global de crítica ao eurocentrismo, onde valores europeus são cada vez mais questionados.
Além disso, Paulo Daniel Farah, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), da Universidade de São Paulo (USP), destaca que a ideia de que povos marginalizados representam uma ameaça é histórica, remontando à colonização. A crescente afirmação de novos poderes, como os do BRICS, exacerba essa ansiedade entre setores conservadores. O resultado é um clima de tensão que legitima a extremidade dos discursos, evidenciando a fragilidade da hegemonia europeia em um mundo em mudança.
Da Redação com USP
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