Consumo de álcool no Brasil causa 12 mortes por hora, alerta estudo da Fiocruz
O levantamento estimou que em 2019, mais de 104 mil brasileiros perderam a vida devido aos efeitos do consumo de bebidas alcoólicas
O consumo de álcool continua a ser uma das principais causas de morte no Brasil. De acordo com um estudo divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta terça-feira (5/11), o álcool é responsável por uma média de 12 mortes por hora no país. Em 2019, o levantamento estimou que 104,8 mil brasileiros perderam a vida devido aos efeitos do consumo de bebidas alcoólicas, com destaque para doenças cardiovasculares, acidentes e violência.
O estudo, intitulado "Estimação dos custos diretos e indiretos atribuíveis ao consumo de álcool no Brasil", foi conduzido pelo pesquisador Eduardo Nilson, do Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura (Palin), da Fiocruz. A pesquisa tem como base os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e mostra como o consumo excessivo de álcool impacta diretamente a saúde pública e a economia brasileira.
Em 2019, os homens representaram 86% das mortes relacionadas ao álcool, com uma grande parte dos óbitos associada a doenças cardiovasculares, acidentes e casos de violência. No caso das mulheres, que representam 14% das mortes atribuídas ao consumo de álcool, mais de 60% dos casos envolveram doenças cardiovasculares e tipos diversos de câncer.
Além dos impactos na saúde, o consumo de bebidas alcoólicas também gera um grande custo econômico para o Brasil. O estudo estima que em 2019 o custo total do consumo de álcool tenha sido de R$ 18,8 bilhões, com R$ 1,1 bilhão referentes a custos diretos com hospitalizações e tratamentos no Sistema Único de Saúde (SUS). A maior parte desse custo é resultado de custos indiretos, como a perda de produtividade devido à mortalidade precoce, aposentadorias precoces e licenças médicas relacionadas a doenças causadas pelo álcool.
Saúde Pública
A pesquisa aponta que, embora o consumo de álcool seja mais prevalente entre os homens, as mulheres apresentam uma busca mais precoce por serviços de saúde, o que pode influenciar a diferença nos custos com atendimento médico. Enquanto 31% das mulheres relataram ter consumido álcool nos 30 dias anteriores à pesquisa, o índice de consumo entre os homens foi de 63%.
O estudo também sugere que, embora a propaganda de álcool seja regulamentada, ela ainda contribui para o aumento do consumo nocivo, especialmente entre os jovens. Especialistas apontam que a publicidade de bebidas alcoólicas tem um papel significativo no estímulo ao consumo, agravando os problemas de saúde pública no país.
O estudo da Fiocruz alerta, também, para os custos elevados que o consumo de álcool impõe à sociedade brasileira, tanto em termos de saúde pública quanto de impactos econômicos. Apesar dos avanços na conscientização sobre os malefícios do álcool, a necessidade de políticas mais eficazes para reduzir o consumo e os danos causados por ele permanece urgente.
Pelos malefícios do cigarro, a propaganda de tabaco é proibida no Brasil desde 2011, pela Lei nº 12.546. A lei também proíbe a propaganda de outros produtos fumígenos, como charutos, cachimbos e cigarrilhas.
Entretanto, embora sujeita a regulamentação e restrições, a propaganda de bebidas alcoólicas ainda é permitida no país. A publicidade desses produtos pode ser considerada abusiva porque pode induzir o consumo e aumentar os prejuízos à saúde. Para especialistas, a publicidade de bebidas alcoólicas contribui para o aumento do consumo nocivo, especialmente entre jovens.
Siga o InffoMix nas redes sociais:
Comments