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Foto do escritorCristina Viduani

Cultivar eucalipto é bom ou ruim para o meio ambiente?

Para especialistas do setor, tudo depende de como e onde essas árvores são cultivadas


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A Arauco apresentou, esta semana, em Inocência, Mato Grosso do Sul, o diagnóstico elaborado para construção do Plano de Estratégico Socioambiental do Projeto Sucuriú. Com o objetivo de ajudar no direcionamento das ações colaborativas da iniciativa pública e privada em Inocência, o estudo faz um diagnóstico atual do município e apresenta as demandas geradas a partir da construção da primeira fábrica de celulose branqueada da Arauco no Brasil. A celulose branqueada é usada na produção de papel de alta qualidade, como papel de escritório e de impressão.


plantação de eucalipto da Arauco em MS
Plantação de eucalipto da Arauco em MS - Foto: Ag. de Notícias do Governo de MS

O assessor de logística da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de MS (Semadesc), Lúcio Lagemann, participou do encontro onde foi apresentado o relatório da empresa Arcades, que servirá de base para a construção do planejamento estratégico socioambiental do projeto com expressivo investimento de, aproximadamente, US$ 5 bilhões.


De um lado, a nova fábrica de celulose a ser implantada trará um significativo crescimento para a cidade e o Estado. De outro, a plantação de eucalipto não para de crescer em Mato Grosso do Sul.


Mas, afinal, isso é bom ou ruim para o solo?


O eucalipto e o pínus são cultivados em escala industrial em diferentes regiões do Brasil para a extração de celulose, madeira e produção de papel, embalagens, móveis, pisos, painéis e carvão vegetal, por exemplo. Mas, será que esses cultivos trazem prejuízos ao meio ambiente?


A resposta é: depende de como e onde as árvores são cultivadas. O impacto das plantações de eucalipto e pínus pode ser positivo ou negativo, segundo especialistas.


Quando a técnica e o local são apropriados, os cultivos florestais produzem relativamente poucos impactos negativos e podem até mesmo ter efeitos positivos. Recuperam áreas degradadas de pastagem, capturam carbono da atmosfera e protegem a fauna do entorno.


Por outro lado, quando a técnica e o local são inadequados, os efeitos ambientais podem ser devastadores. As plantações florestais corroem o bioma nativo, prejudicam a fauna e comprometem a disponibilidade de água. E o Brasil tem uma das maiores áreas plantadas do mundo e a principal área produtora é o centro-sul do país, com destaque para o eucalipto.


Floresta?


Muitos especialistas condenam o uso da palavra “floresta” para se referir a essas plantações. A floresta propriamente dita, afirmam eles, compõe-se de inúmeras espécies de árvores e outras plantas, o que cria o habitat ideal para uma variedade de animais.


A plantação florestal, em vez disso, é um ambiente homogêneo, composto de uma única espécie. Ou seja, não oferece as condições necessárias para o desenvolvimento da fauna ou de uma flora associada. É uma lavoura destinada à exploração comercial, não muito diferente da monocultura da soja, do milho ou da cana-de-açúcar.


Por essa razão, para entender o impacto das plantações florestais no meio ambiente, a comparação não deve ser com florestas nativas. As florestas, claro, sempre serão ambientalmente melhores que os cultivos florestais.


O eucalipto e o pínus, normalmente, são plantados em áreas de pastagem degradada. Mais especificamente, em terras que, na origem, eram florestas nativas, em seguida foram derrubadas para dar lugar ao pasto e, no fim, em consequências de técnicas agropecuárias equivocadas, se deterioraram ao ponto de ficarem imprestáveis para o próprio gado e a lavoura.


Plantação Arriscada


Contudo, é preciso reconhecer que as plantações de eucalipto têm desvantagens ambientais, dizem os especialistas em meio ambiente. Entre elas, a redução dos níveis de águas subterrâneas, impactando potencialmente, as florestas nativas e fazendas próximas.


Se a legislação ambiental não for seguida corretamente, pode não apenas secar as reservas de água subterrâneas mais próximas da superfície, os chamados lençóis freáticos, como inutilizar o solo. Isso porque o eucalipto exige muita água para sua sobrevivência.


Os especialistas ouvidos pela Agência Senado reconhecem a importância da silvicultura para a economia brasileira, mas dizem que as autoridades não podem fechar os olhos para as plantações florestais que, feitas com técnicas ruins ou em regiões inadequadas, produzem danos ao meio ambiente.


Voltando a Mato Grosso do Sul


Em 2024, a área plantada de eucalipto no Estado, deve chegar a 2,5 milhões de hectares. Atualmente, MS possui cerca de 1,480 milhão de hectares de eucalipto plantados e é um dos principais polos de plantação de eucalipto no Brasil, sendo líder na produção de madeira em tora para a indústria de papel e celulose.


De acordo com o governo do Estado, cinco dos dez maiores municípios brasileiros em termos de área de plantação de eucalipto, estão localizados em Mato Grosso do Sul, conforme o ranking nacional. O município de Ribas do Rio Pardo ocupa a primeira posição no Brasil, com 420,5 hectares de florestas plantadas; Três Lagoas está na segunda posição, com 311,9 hectares; Água Clara na terceira posição, com 163,1 hectares; Brasilândia: ocupa a quarta posição, com 150 mil hectares e Selvíria na sexta posição do ranking, com 106,5 hectares.


Características


As duas árvores são espécies exóticas, isto é, não são brasileiras. O eucalipto é nativo da Oceania. O pínus, um tipo de pinheiro, vem das Américas do Norte e Central. A opção por essas espécies estrangeiras se explica pelo fato de crescerem com rapidez e alcançarem alturas notáveis. Nesses quesitos, as árvores nativas do Brasil não conseguem competir. O eucalipto atinge 40 metros de altura e leva sete anos para chegar ao ponto de corte.


Em maio deste ano, o Senado e a Câmara aprovaram e, em junho, o presidente Lula assinou, uma lei que retirou as plantações de eucalipto e pínus da lista de atividades econômicas com potencial poluidor (Lei 14.876, de 2024).


Com a medida, a burocracia se reduziu e as empresas de silvicultura não precisam mais pagar ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental.


Cristina Viduani, especial para o InffoMix

Com informações da Agência Senado


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