Envolvimento da vice-presidente da OAB-MS em operação da PF aumenta pressão em período de eleição
Desdobramento do caso se torna crucial no contexto das eleições da OAB-MS, onde a atual diretoria busca reeleição
O Tribunal de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso do Sul (OAB-MS), aguarda informações sobre nove advogados alvos da Operação Ultima Ratio, desencadeada pela Polícia Federal (PF), na quinta-feira (24/10), a pedido do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O presidente da OAB-MS, Bitto Pereira, candidato à reeleição, criou uma comissão liderada pela conselheira Ana Maria Medeiros, com a participação de Bruno Azambuja e Gustavo Gottardi, para acompanhar as investigações do STJ.
A Operação Ratio investiga corrupção e a venda de sentenças, envolvendo desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS), conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS) e advogados. O STJ já afastou cinco desembargadores, impondo restrições severas, como o uso de tornozeleira eletrônica.
Lucas Rosa, advogado e candidato à presidência da OAB-MS pela oposição, pediu uma “posição firme e clara” da entidade diante da gravidade da operação, que, segundo ele, compromete a imagem do Judiciário e da advocacia em Mato Grosso do Sul. “Não podemos nos furtar a combater a corrupção e proteger a integridade da Ordem”, afirmou.
Um dos alvos da operação é a vice-presidente da OAB-MS, Camila Cavalcante Bastos Batoni, que era candidata à reeleição. Camila é filha do desembargador Alexandre Bastos, afastado por determinação do STJ.
A investigação aponta que Camila e seu ex-marido adquiriram um imóvel de R$ 600 mil sem declará-lo no Imposto de Renda de 2020, levantando suspeitas sobre a origem dos recursos. Parte do pagamento foi feito em dinheiro vivo, totalizando R$ 144 mil, que não foi declarado, gerando questionamentos sobre sua legalidade.
Além disso, o escritório de Camila, anteriormente dirigido por seu pai, prestou serviços a várias prefeituras cujos processos foram julgados por ele, garantindo ganhos financeiros duvidosos. Documentos do COAF indicam movimentações financeiras incomuns no escritório, que recebeu valores significativos de diversos órgãos públicos, alguns dos quais acabaram em contas controladas pelo magistrado afastado.
Em virtude do seu envolvimento na investigação, Camila anunciou, no último sábado (26), que desistiu de concorrer à reeleição e renunciou ao cargo na OAB-MS. Ela defende que pode comprovar a origem lícita dos recursos utilizados na compra do imóvel, alegando que este constava na declaração de seu ex-marido, que era responsável pelo financiamento.
O caso, agora, foi transferido do STJ para o Supremo Tribunal Federal (STF), onde ficará sob a análise do ministro Cristiano Zanin.
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