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Foto do escritorCristina Viduani

Fim da escala 6x1: uma nova era para as relações trabalhistas?

Proposta ainda nem está tramitando, mas já está gerando polêmica nas redes sociais


A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que visa o fim da escala 6x1 de trabalho e a redução da jornada para 36 horas semanais ainda está em fase de discussão no Congresso, mas tem gerado intensos debates, principalmente nas redes sociais. A medida, que busca uma jornada mais curta e equilibrada, promete transformar as relações trabalhistas no Brasil, alterando as condições de trabalho para milhares de brasileiros. No entanto, é importante entender como a implementação dessa mudança pode impactar diferentes setores da economia.

pessoas trabalhando
Redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais deve mudar a dinâmica das relações trabalhistas no Brasil - Foto: Eduardo Macarios/Arquivo

Apresentada pela deputada Érika Hilton (PSOL), a PEC propõe uma modificação no artigo 7º da Constituição, reduzindo a jornada de trabalho semanal de 44 para 36 horas. A proposta manteria o limite de 8 horas diárias, mas permitiria que os trabalhadores tivessem uma jornada de 4 dias de trabalho e 3 dias de folga. Essa nova estrutura pode gerar um grande impacto nas relações trabalhistas e na produtividade de diversas áreas.


Impactos no Mercado de Trabalho


Caso a PEC seja aprovada, será necessário um ajuste significativo nas leis trabalhistas, especialmente na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que precisaria ser revista para regulamentar a nova jornada. A mudança exige uma maior articulação política, já que, para ser aprovada, a PEC precisa de uma maioria qualificada no Congresso.


Os setores de comércio e serviços seriam os mais afetados, já que dependem de um grande número de funcionários trabalhando de maneira contínua, especialmente durante os finais de semana. A nova jornada 4x3 pode obrigar as empresas a contratar mais trabalhadores para suprir as necessidades operacionais, o que pode resultar em aumento de custos.


Benefícios para os trabalhadores


A implementação da jornada 4x3 alinha-se com as tendências globais de trabalho flexível, que têm mostrado resultados positivos em países como Reino Unido e Espanha. Estes estudos indicam que a jornada reduzida pode aumentar a produtividade e melhorar a satisfação dos trabalhadores.


Além disso, uma jornada reduzida pode proporcionar mais qualidade de vida, permitindo maior tempo para descanso, lazer e convívio familiar. A possibilidade de três dias de folga por semana ajudaria a melhorar a saúde física e mental dos trabalhadores, além de reduzir índices de absenteísmo (faltas) e aumentar a retenção de talentos.


Outro benefício seria a atração de novos profissionais qualificados, que valorizam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. A jornada reduzida pode, assim, se tornar uma vantagem competitiva para as empresas, que passariam a oferecer um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.


Desafios da nova jornada


Embora a PEC traga benefícios para a qualidade de vida dos trabalhadores, também existem desafios econômicos a serem enfrentados. A redução da jornada pode aumentar o custo operacional das empresas, principalmente em setores que dependem de trabalho contínuo.


Segundo Washington Barbosa, especialista em Direito Trabalhista, a diminuição da jornada pode gerar uma queda na produção e, consequentemente, aumento nos custos para as empresas. “Se eu tenho uma pessoa que trabalha 44 horas e agora vai trabalhar 36, lógico que há uma redução drástica na sua capacidade de produção. E isso vai gerar aumento de custo. O empregador vai ter que contratar mais gente e, contratando mais gente para produzir a mesma coisa, ele vai ter uma despesa maior", explica.


Além disso, a informalidade no mercado de trabalho pode crescer, com mais contratações de autônomos e PJs, o que gera uma preocupação com a segurança jurídica. Para que a medida seja implementada de forma eficaz, é crucial que haja uma regulamentação clara, que garanta direitos para trabalhadores e empregadores.


Embora traga benefícios claros, como mais tempo para descanso e maior qualidade de vida para os trabalhadores, também levanta desafios econômicos para empresas, especialmente em setores de alta demanda. A implementação bem-sucedida dessa medida dependerá de uma articulação política eficaz e de uma regulamentação adequada para garantir o equilíbrio entre os direitos dos trabalhadores e as necessidades das empresas.


A proposta precisa da assinatura de 171 deputados para começar a tramitar.


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