Nova variante XEC, da covid-19, pode ter maior potencial de transmissão
Virologista da Fiocruz reforça a importância de manter o monitoramento constante das variantes do coronavírus
A nova variante XEC da Covid-19, detectada em estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, apresenta um aumento significativo em seu potencial de transmissão, conforme revelado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A virologista Paola Resende, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), confirmou essa informação, destacando que a variante foi elevada ao status de monitoramento devido à sua rápida disseminação.
“A OMS classificou a linhagem XEC como uma variante sob monitoramento, tendo se espalhado rapidamente por vários continentes e países, incluindo o Brasil, onde foi identificada recentemente em três estados”, afirma Resende.
A XEC foi inicialmente descoberta em junho de 2024, em meio ao aumento de casos na Alemanha, e, desde então, já foi reportada em 35 países, abrangendo Europa, Américas, Ásia e Oceania. No Brasil, a variante foi detectada a partir da análise de sequências genéticas de amostras coletadas em setembro e outubro no Rio de Janeiro, além de casos em São Paulo e Santa Catarina.
Embora a nova variante apresente um potencial de transmissão elevado, até o momento não foi registrado um aumento significativo nos casos ou na gravidade da doença nos estados onde a XEC foi identificada. “O número de casos permanece estável, e nossa população possui um histórico imunológico robusto devido à circulação anterior da variante Gama P.1”, explica Resende.
Características da variante
A variante XEC pertence à família Ômicron e pode ter surgido da combinação genética de outras cepas. A infectologista Raquel Stucchi, da Sociedade Brasileira de Infectologia, esclarece que variantes surgem frequentemente a partir de recombinações de vírus. A nova linhagem é uma combinação das variantes JN.1, já circulando no Brasil e no hemisfério norte.
As vacinas atualmente disponíveis demonstram potencial para oferecer proteção contra a variante XEC. Stucchi acredita que, devido à sua origem na linhagem JN.1, as vacinas continuarão a ser eficazes contra essa nova variante.
Apesar do aumento no potencial de transmissão, Resende alerta que isso não implica que a variante seja mais grave ou que escape da resposta imunológica. A OMS mantém um grupo consultivo técnico que se reúne semestralmente para discutir estratégias de vacinação, com a próxima reunião marcada para dezembro.
Monitoramento
A vigilância constante da variante XEC é crucial, especialmente considerando que a linhagem JN.1 ainda predomina no Brasil desde o final do ano passado. A virologista Paola Resende enfatiza a necessidade de um monitoramento genômico rigoroso para detectar novas variantes do coronavírus.
“O Ministério da Saúde possui protocolos que guiam a vigilância genômica, mas ainda enfrentamos desafios na coleta de amostras, uma vez que muitos casos são leves e não são devidamente testados”, observa Resende.
O Guia de Vigilância Genômica do SARS-CoV-2 está disponível para consulta.
Da Redação
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