Outubro Rosa: A luta contra o câncer de mama e a importância do diagnóstico precoce
Pesquisa mostra que que seis em cada dez brasileiras sabem métodos de prevenção, mas em tempos de fake news, entrevistadas assumiram ter dificuldades em identificar mitos ou verdades sobre a doença
O câncer de mama é o tipo de câncer que mais mata mulheres no Brasil e outubro é o mês dedicado à prevenção da doença. Várias ações são desenvolvidas dentro da campanha Outubro Rosa, que visa promover o diagnóstico precoce e o autocuidado. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), até 2025, o Brasil deve registrar cerca de 73 mil novos casos de câncer de mama, resultando em uma taxa alarmante de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. Anualmente, a doença causa mais de 18 mil mortes no país.
Embora a campanha Outubro Rosa tenha conquistado força nos últimos anos, uma pesquisa revela que seis em cada dez brasileiras conhecem formas de prevenção, mas enfrentam dificuldades para distinguir mitos de verdades sobre o câncer de mama. Essa pesquisa, realizada pela AC Camargo em parceria com a Nexus — Pesquisa e Inteligência de Dados, entrevistou 1.036 mulheres entre 16 e 60 anos em todo o Brasil, de 18 a 24 de setembro.
Os dados mostram que 59% das entrevistadas afirmaram ter realizado o autoexame de toque e 53% já fizeram mamografias. No entanto, 28% nunca realizaram nenhum dos dois exames, sendo que 25% dessas mulheres têm mais de 40 anos, a faixa etária com maior risco da doença.
A vice-líder do Centro de Referência em Tumores da Mama, Solange Sanches, destaca que ainda existem lacunas de informação. “As pessoas estão informadas, mas muitos gaps ainda precisam ser resolvidos. Muitas informações chegam de forma incorreta ou parcialmente correta,” alerta.
A campanha Outubro Rosa continua a ser um momento crucial para conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce e do autocuidado na luta contra o câncer de mama.
Verdade ou mentira?
Para testar o conhecimento das entrevistadas sobre a doença, a pesquisa citou quatro afirmações, que chegaram às seguintes conclusões:
• Amamentar diminui a chance de ter câncer de mama?
Verdade - No período de amamentação, alguns processos promovem a eliminação e a renovação de células que poderiam ter lesões em seu material genético, reduzindo a incidência da enfermidade, explica o INCA.
Mas menos da metade, 47% das mulheres, responderam que “sim”. Entre as que não sabem ler ou escrever, 57% concordaram com a frase, seguidas por 50% que estudaram até o ensino fundamental. O indicador cai para 43% entre quem estudou até o ensino médio e fica em 46% para o ensino superior.
Mas a pesquisadora ressalta que, apesar de parte das mulheres ter essa informação correta, ainda é preciso saber mais.
“A gente tem que colocar que, além da amamentação, existem fatores de maior peso, como fazer atividade física, reduzir obesidade, atenção com reposição hormonal e pílula anticoncepcional sem controle. Então tudo isso caminha nesse sentido.”
• Reposição hormonal pode causar câncer de mama
Verdade - Segundo o INCA, a terapia de reposição hormonal — comumente usada para aliviar os sintomas da menopausa — pode aumentar o risco do câncer de mama.
Menos da metade, 42%, responderam que “sim”. Tanto entre as que não sabem ler ou escrever, quanto no grupo que estudou até o ensino fundamental, 51% concordaram com a frase. O indicador cai para 39% para quem estudou até o ensino médio e fica em 32% para o ensino superior.
• Colocar silicone aumenta a chance de ter câncer de mama
Falso - O carcinoma, que é o câncer de mama mais comum, correspondente a mais de 95% dos casos, não tem maior incidência entre quem tem prótese de silicone.
43% das entrevistadas acertaram, mas outros 42% pensam que sim, existe relação entre a prótese e a doença, o que não procede. 61% das mulheres com ensino superior dizem que a frase é falsa, seguidas por 45% entre aquelas com ensino médio e 27% para ensino fundamental. No grupo que não sabe ler e escrever, são 34%.
• Fazer autoexame regularmente garante que você não terá câncer de mama
Falso - Para a pesquisadora, chama a atenção a alta porcentagem de mulheres que acreditam que o autoexame das mamas é um método para fazer o diagnóstico do câncer de mama.
“A gente tem que entender que nós temos que encontrar esse câncer de mama quando ele ainda não é palpável, e nisso, somente os programas de rastreamento — como a mamografia a partir dos 40 anos — que vão conseguir aumentar essas taxas de diagnóstico de câncer de mama antes que possa ser palpável o nódulo.”
A pesquisa mostrou que 58% das mulheres consideram falsa a afirmação de que “fazer autoexame regularmente garante que você não terá câncer de mama”.
Sobre esse aspecto, quanto maior a escolaridade, maior o conhecimento. Entre as brasileiras com ensino superior, 72% disseram que a afirmação é falsa, seguidas por 64% com ensino médio, 43% para ensino fundamental e 39% entre quem não sabe ler e escrever.
Excesso de peso, falta de atividade física e consumo de bebidas alcoólicas, assim como fatores genéticos e endócrinos ou relativos à história reprodutiva, além da idade e da exposição à radiação ionizante, têm, sim, influência no aumento do risco de câncer.
Da Redação com Brasil61
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